Não digo onde, nem os nomes das pessoas, mas basta perceber que concorrem por um partido político, apesar de independentes e que, com bonomia, quis ajudar, no bairro que melhor conheço.
A tasca era decente, dourada escalada, terça-feira, uma da tarde.
Digo eu - Então qual o vosso programa aqui para o bairro?
Dizem eles - Programa. Isso não. Queremos é ganhar a maioria.
Digo eu - Pois, muito bem, mas e depois? Que ideias é que têm?
Dizem eles - Você está a politizar este almoço.
Digo eu - Não, não estou, estou a querer saber que ideias têm para o bairro. Gostava de dar umas ideias, trabalhar no terreno nas propostas, estudar coisas. Ou vão fazer campanha sem ideia nenhuma? Sabem ao menos os problemas que há?
Dizem eles - É por isso que queremos ganhar, vamos dizer que queremos ir para lá para ver os dossiês e ser a voz dos cidadãos.
Digo eu - Epá, muito bem, mas que gaita, vocês não têm uma única ideia? Não têm uma noção, mesmo que geral, do que se passa no bairro, não têm um projecto em que possamos trabalhar, nem que seja ir à rua perguntar o que incomoda as pessoas?
Dizem eles - Você deve ser um enviado de alguém, e isso não nos interessa. O programa há-de vir de cima, isto é, debaixo para cima e depois de cima para baixo.
Digo eu (já sem pinga de pachorra) - Bem, vão pedir poleiro e depois logo vêm, já percebi.
Dizem eles - O almoço está acabado.
Lisboa está entregue, em pequenos poderes essenciais, a pessoas boas e competentes. Mas há centenas de idiotas, como estes, que são igualmente ingénuos e arrogantes. Diz-me um amigo que o mais perigoso numa organização é um Estúpido Activo.
Eles andam aí. Mas é preciso dizer-lhes que a cidade não é deles. É de todos.
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